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Empresário que lambeu cano de arma é preso por ameaçar homem com faca em SP

Bolsonarista que lambeu arma, pediu golpe e ameaçou Lula - YouTube
Bolsonarista que lambeu arma, pediu golpe e ameaçou Lula Imagem: YouTube

Laís Seguin

Colaboração para o UOL, em Piracicaba (SP)

05/10/2022 19h11Atualizada em 06/10/2022 14h22

O empresário José Sabatini, de 71 anos, foi preso ontem (04) pela Polícia Militar, em sua residência, na cidade de Artur Nogueira, Região Metropolitana de Campinas, no interior de São Paulo, por ter ameaçado um morador da cidade com uma faca.

Ele também é investigado pela Polícia Civil por ter aparecido em um vídeo em que aparece lambendo o cano de uma espingarda e depois caminha armado na cintura pelo centro da capital paulista ordenando para que o presidente Jair Bolsonaro (PL) dê um golpe no Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal, o que configura um ato contra a democracia.

Sabatini tinha um pedido de prisão preventiva expedido contra ele, segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo). De acordo com as informações confirmadas pela pasta, o homem continua à disposição da Justiça.

O caso e a conduta do empresário, inclusive em razão do porte de arma, são investigados pelo 3° Distrito Policial e pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), paralelamente.

De acordo com o Boletim de Ocorrência, o empresário José Sabatini discordou de uma cobrança de honorários advocatícios que o homem moveu contra ele na Justiça. O morador de ARtur Nogueira afirma que ele e o pai teriam sido ameaçados com uma faca pelo empresário.

O UOL entrou em contato com a defesa do empresário. O texto será atualizado em caso de manifestação e o espaço fica disponível.

Desejo de um golpe de Estado

Na primeira cena do vídeo que viralizou nas redes sociais nas últimas semanas, Sabatini aparece sentado dentro de um veículo quando diz: "Bolsonaro, aqui ó", e lambe o cano da espingarda. Logo em seguida, o empresário aparece caminhando armado pela rua Brigadeiro Tobias, onde fica a Delegacia Geral de Polícia, no centro da capital paulista. Nessa ocasião, Sabatini "manda" o presidente Jair Bolsonaro aplicar um golpe de Estado.

"Bolsonaro, estamos juntos aqui na luta. Vou mandar um recado pra você (...). Um recado não, é uma ordem que eu estou te dando. Na hora que colocar a faixa de vencedor das eleições, você vai dar um golpe no Congresso e no Supremo", disse Sabatini.

Essa não é a primeira vez que o empresário bolsonarista causa polêmica nas redes sociais. Em março do ano passado, Sabatini gravou um vídeo em que aparece atirando com uma pistola e faz ameaças ao ex-presidente Lula (PT), em razão do Supremo Tribunal Federal ter anulado as condenações do petista.

"Lula, seu filho da p***, eu quero dar um recado pra você: se você não devolver os R$ 84 bilhões que roubou do fundo de pensão do trabalhador, você vai ter problema", disse o empresário, enquanto mostrava a arma. A informação de "roubo" de R$ 84 bilhões de fundos de pensão não encontra respaldo na realidade.

No vídeo, Sabatini ainda xinga o ex-presidente e diz que não admitiria que o petista "transformasse o Brasil em uma Venezuela".

Após a circulação das imagens, que foram apagadas pelo empresário, o presidente Lula apresentou uma representação no Ministério Público contra José Sabatini por ameaça. Na época, de acordo com informações do jornal Folha de S.Paulo, José Sabatini disse à Justiça que estava apenas exercendo seu direito à liberdade de expressão e que o pedido de R$ 50 mil a título de indenizações por danos morais era uma tentativa de Lula de "enriquecer com o processo".

A defesa de Sabatini alegou na época que o empresário não quis ameaçar Lula, mas "demonstrar sua insatisfação com o que havia lido em publicações da imprensa", de acordo com a reportagem.

O caso e o inquérito policial foram arquivados, segundo o site do Tribunal de Justiça de São Paulo e DHPP, respectivamente. No caso do processo na Justiça, foi após um acordo entre as partes. Os detalhes não foram divulgados.

Armas do empresário já haviam sido apreendidas

As armas do empresário que aparecem no vídeo já tinham sido apreendidas em março do ano passado após ele divulgar outro vídeo no qual ameaçava atirar no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista apresentou queixa-crime por injúria, calúnia e difamação.

De acordo com o delegado-geral da Polícia Civil, Osvaldo Nico Gonçalves, o empresário recebeu as armas de volta no último dia 21 após uma decisão judicial. No mesmo dia, ele fez o novo vídeo, no qual defende um golpe. A polícia ainda tenta identificar quem gravou.

Após a repercussão dos dois vídeos, a Polícia Civil entrou com uma representação para apreender novamente as armas do empresário. Ambas estão legalizadas, ressaltou o delegado-geral. Mas, mesmo que ele tenha licença para portá-las, a exposição delas na rua é ilegal.

No último dia 28, a espingarda e um revólver do empresário foram apreendidos por policiais do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), que cumpriram um mandado de busca e apreensão na residência de Sabatini. O empresário não estava no local.