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Bolsonaro minimiza sigilo de 100 anos: 'Não devo satisfação de quem recebo'

Presidente Jair Bolsonaro (PL) participa de entrevista no Flow Podcast - Reprodução/Youtube
Presidente Jair Bolsonaro (PL) participa de entrevista no Flow Podcast Imagem: Reprodução/Youtube

Do UOL, em São Paulo

08/08/2022 22h32Atualizada em 12/08/2022 15h51

O presidente Jair Bolsonaro (PL) minimizou hoje, em participação no Flow Podcast, a imposição do sigilo de cem anos no acesso às informações do governo, incluindo as visitas que ele recebe no Palácio do Planalto. O candidato à reeleição disse que sua vida viraria um "inferno" caso não houvesse os decretos e afirmou que não "deve satisfação a ninguém" sobre quem recebe no Palácio da Alvorada, a residência oficial do chefe do Executivo.

O governo Bolsonaro impõe sigilo de cem anos para "temas sensíveis" desde o ano passado. Em 2021, o Palácio do Planalto vetou, por exemplo, a divulgação de dados sobre o cartão de vacinação do presidente. Questionado por um seguidor no Twitter, em abril, Bolsonaro respondeu ironicamente: "Em 100 anos, saberá".

Não é um decreto ditatorial meu. A lei me garante isso. O que a imprensa começou a perturbar: eu tenho a minha agenda que é pública lá no Palácio da Presidência. Se for me visitar, tá lá. Aí começaram a querer ter acesso a quem ia me visitar no [Palácio da] Alvorada. E de acordo com as pessoas que me visitam no Alvorada, a imprensa faz uma matéria sobre aquilo. Quem eu recebo na minha casa, eu não devo satisfação a ninguém. Jair Bolsonaro no Flow Podcast

Apesar de Bolsonaro dizer que as visitas ao Palácio do Planalto são disponibilizadas na agenda "pública", apenas alguns compromissos oficiais são divulgados na agenda do presidente através do site do governo federal. Em 2021, por exemplo, o chefe do Executivo determinou o sigilo de 100 anos sobre informações dos crachás de acesso ao Planalto emitidos em nome dos seus filhos Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Ainda respondendo sobre o tema, Bolsonaro também voltou a atacar a imprensa e argumentou que veículos de comunicação fariam reportagens sobre quem ele recebe na residência oficial caso não houvesse os sigilos.

"Se hoje eu abrir que o João da Silva com a dona Mariazinha [vieram] me visitar, na semana que vem, vou abrir de novo. Eles [da imprensa] fazem narrativas, matérias em cima disso. Quantas vezes eu recebo lá o ministro da Defesa, comandante da Marinha, ministro tal, secretário tal, para tratar de uma saída para a Rússia, por exemplo? Se vou no G20, na Cúpula das Américas, na posse do presidente do Chile ou não, entre outros assuntos confidenciais", continuou.

Por fim, o candidato à reeleição no pleito deste ano minimizou os decretos mais uma vez ao comentar o que sua esposa, a primeira-dama Michelle Bolsonaro, pensaria caso soubesse que ele recebeu uma "mulher bonita" em casa.

"De repente vai uma mulher bonita lá em casa com uma colega dela. Eu recebo. Minha mulher não tá sabendo, mas é bonita por acaso. Opa, ele recebeu aquele 'avião' na casa dele tratar do quê? A primeira-dama estava presente ou não? Começa a virar um inferno a minha vida. Então o sigilo é em função disso, a minha privacidade, como todo mundo tem. Isso é democracia, isso é liberdade."

Em abril, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disputará à presidência e aparece em primeiro nas pesquisas de intenção de votos, prometeu revogar todos os sigilos de cem anos impostos por Bolsonaro sobre os temas considerados "sensíveis" pelo governo federal.