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Erasmo Carlos, um dos maiores nomes do rock nacional, morre aos 81 anos

De Splash, em São Paulo

22/11/2022 15h01

O cantor Erasmo Carlos morreu hoje aos 81 anos. A informação foi confirmada pela gravadora Som Livre e pela assessoria do artista, mas a causa da morte ainda não foi divulgada. O velório será reservado para familiares e amigos.

"A música popular brasileira para sempre terá em Erasmo Carlos um herói imortal. Suas passagens pela Som Livre foram e continuarão sendo motivos de orgulho e gratidão para todos aqueles que tiveram o privilégio de conviver com o brilhantismo de um dos maiores nomes da nossa cultura. O adeus que não queríamos dar traz a lembrança recente de que, apenas cinco dias atrás, Erasmo foi o vencedor do Grammy Latino com o melhor álbum de rock de língua portuguesa. Essa é apenas mais uma das muitas evidências de que Erasmo seguirá atual e relevante para a música por toda a eternidade. Nossos sentimentos aos fãs, familiares e amigos", escreveu a gravadora.

No dia 17 de outubro, o músico foi internado no hospital Barra D'Or com uma síndrome edemigênica. Ele recebeu alta no dia 2 de novembro, após mais de duas semanas de internação. "Bem simbólico? Depois de me matarem no dia 30, ressuscitei no Dia de Finados e tive alta do hospital", escreveu o cantor.

Na ocasião, as apresentações que Erasmo faria nos Estados Unidos no início deste mês foram adiadas. Em agosto, Erasmo contraiu covid-19 e passou oito dias internado para tratar a doença.

"Não foi mole, não, foi difícil. Eu não consegui sozinho, não, consegui com a ajuda dos meus médicos, familiares, amigos, colegas, da minha querida Fernanda, que contraiu covid comigo e estamos curados, das milhares de orações que eu recebi, pensamentos positivos, palavras carinhosas que não dá nem para explicar. Eu fico muito feliz do fundo do coração, muito obrigado a todos", disse, após receber alta.

Nome fundamental da música brasileira

Erasmo Carlos morre aos 81; relembre sua história

Nascido Erasmo Esteves, ele adicionou o Carlos no nome artístico em homenagem ao seu amigo e maior parceiro musical, Roberto Carlos, e também a Carlos Imperial, produtor musical com quem escreveu canções como o rock "Eu Quero Twist" e de quem foi secretário pessoal.

Com 29 álbuns de estúdio, lançados entre 1965 e 2019, e cinco discos ao vivo, Erasmo Carlos foi um dos pioneiros do rock n' roll no Brasil, estilo musical que adotou desde o início da carreira influenciado por um de seus maiores ídolos, Elvis Presley. Foi uma das músicas que fez muito sucesso na voz do rei do rock - "Hound Dog" - que o aproximou de Roberto Carlos ainda na década de 1950.
Da parceria de Erasmo e Roberto Carlos nasceriam clássicos como "Minha Fama de Mau", "É Preciso Saber Viver", "Amigo", "Gatinha Manhosa", "Quero Que Vá Tudo Pro Inferno", "Se Você Pensa", "Além do Horizonte" entre outras canções que marcaram gerações.

Nascido no bairro da Tijuca, na zona norte do Rio, Erasmo Carlos também conviveu com Tim Maia desde a infância, parte da turma da Tijuca. Foi o Síndico quem o ensinou a tocar violão. A cena aparece na cinebiografia "Minha Fama de Mau", lançada em 2019.

Em seu penúltimo álbum, "Amor É Isso", Erasmo Carlos lançou "Novo Love", uma parceria póstuma com Tim Maia. A música é uma versão em português de Erasmo para "New Love", lançada por Tim Maia em 1973. Em uma entrevista ao programa "Conversa Com Bial", em 2018, Erasmo contou que já conhecia a canção desde 1961, quando Tim estava morando nos Estados Unidos e enviou a gravação em um compacto para a namorada na época.

Antes de se lançar em carreira solo, Erasmo Carlos participou do grupo The Boys Of Rock, rebatizado de The Snakes por Carlos Imperial, com Arlênio Lívio, Edson Trindade e José Roberto, o China. O The Snakes chegou a acompanhar Cauby Peixoto no primeiro rock brasileiro, a canção "Rock N' Roll Em Copacabana", de 1957.

Em 1965 Erasmo Carlos estouraria de vez com a Jovem Guarda. O programa exibido pela TV Record era apresentado por ele, Roberto Carlos e Wanderléa, criando um movimento cultural de música e comportamento iniciado com os três. Essa época também está detalhadamente representada na cinebiografia de Erasmo dirigida por Lui Farias.

No cinema, Erasmo atuou em "Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-rosa" (1970), Roberto Carlos a 300 Quilômetros Por Hora" (1971), ambos dirigidos por Roberto Farias, pai do cineasta que faria sua cinebiografia quatro décadas depois. Ele ainda participou de "Os Machões" (1972), "O Cavalinho Azul" (1984) e Paraíso Perdido" (2018). Em 2020 estreou na Netflix no filme "Modo Avião", em que interpreta o avô de Larissa Manoela. É o filme de língua não-inglesa mais visto da plataforma.

Na vida pessoal, Erasmo Carlos sofreu com duas grandes perdas. Narinha, o grande amor de sua vida com quem ficou casado por 15 anos, suicidou-se em 1995, quatro anos após se divorciar do cantor. Já seu filho do meio, Alexandre, morreu aos 40 anos em 2014 após um grave acidente de moto.

Com Narinha, Erasmo ainda teve Gil Eduardo e Leonardo Esteves. Ele deixa os dois filhos, netos, e a atual esposa, a pedagoga Fernanda Passos, de 32 anos.