Moraes Moreira publicou cordel sobre os medos da pandemia; leia
Moraes Moreira, cantor dos Novos Baianos e famoso também em carreira solo, morreu hoje aos 72 anos. Pouco antes, já no período de quarentena vivido por parte da sociedade brasileira por conta do coronavírus, ele falou sobre o isolamento, com um texto em forma de cordel.
Em um post nas redes sociais, ele pede a "aprovação" de seus seguidores, e fala dos medos relacionados à pandemia.
"Eu temo o coronavirus / E zelo por minha vida / Mas tenho medo de tiros / Também de bala perdida", escreve ele, em um trecho. "Assombra-me a Pandemia / Que agora domina o mundo", admite, em outro. E ataca: "Até aceito a Policia / Mas quando muda de letra / E se transforma em milícia / Odeio essa mutreta."
A notícia da morte de Moraes Moreira foi confirmada ao UOL pela assessoria de imprensa dos Novos Baianos. A causa da morte não foi informada, mas o baiano morreu em casa.
Leia o cordel completo:
QUARENTENA (Moraes Moreira)
Eu temo o coronavirus
E zelo por minha vida
Mas tenho medo de tiros
Também de bala perdida,
A nossa fé é vacina
O professor que me ensina
Será minha própria lida
Assombra-me a Pandemia
Que agora domina o mundo
Mas tenho uma garantia
Não sou nenhum vagabundo,
Porque todo cidadão
Merece mais atenção
O sentimento é profundo
Eu não queria essa praga
Que não é mais do Egito
Não quero que ela traga
O mal que sempre eu evito,
Os males não são eternos
Pois os recursos modernos
Estão aí, acredito
De quem será esse lucro
Ou mesmo a teoria?
Detesto falar de estrupo
Eu gosto é de poesia,
Mas creio na consciência
E digo não violência
Toda noite e todo dia
Eu tenho medo do excesso
Que seja em qualquer sentido
Mas também do retrocesso
Que por aí escondido,
As vezes é o que notamos
Passar o que já passamos
Jamais será esquecido
Até aceito a Policia
Mas quando muda de letra
E se transforma em milícia
Odeio essa mutreta,
Pra combater o que alarma
Só tenho mesmo uma arma
Que é a minha caneta
Com tanta coisa inda cismo...
Estão na ordem do dia
Eu digo não ao machismo
Também a misoginia,
Tem outros que eu não aceito
É o tal do preconceito
E as sombras da hipocrisia
As coisas já foram postas
Mas prevalecem os reles
Queremos sim ter respostas
Sobre as nossas Marielles,
Em meio a um mundo efêmero
Não é só questão de gênero
Nem de homens ou mulheres
O que vale é o ser humano
E sua dignidade
Vivemos num mundo insano
Queremos mais liberdade,
Pra que tudo isso mude
Certeza, ninguém se ilude
Não Tem tempo, nem idade
19 Comentários
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MORAIS COM AS ESTRELAS DO SENHOR Moraes, o Moreira, das amoras e das amoreiras... Morreu? Morreu que nada! Moreira, o Moraes, não morre nunca... Moraes, o Moreira, apenas foi passear longe, Carregado pela música triunfante Rumo ao céu cor de anil pueril, na paz de monge, Longe de fuzil, nas “trincheiras da alegria” das noites de São João... Moraes, o Moreira, o criador do novo som, dos baianos novos, da revolução baiana, O criador da criatividade de enfeitar o mundo sombrio com multicores e luzes resplandecentes, para o povo sofrido do Mundo-Brasil. Aquele Moreira Moraes, que fez vibrar como relâmpago infinito o som mágico das guitarras celestiais, que se transformam agora em delicados violinos... Morais agora, Moraes, ó Moreira, num paraíso destinado apenas às estrelas de maior brilho, a brincar de correr, pular e rir na Via Láctea com as Estrelas d’Alva... Para todo o sempre, a habitar nossas agradecidas almas, Moraes Moreira, O Grande
POEMA SEM PRECEDENTE E OPORTUNO. EXTRAVAZOU SUA CRENÇA EXTRAVASOU SUA DOR, SUA SAUDADE ANTECIPADA- ENFIM FOI REAL E VERDADEIRO. A OBRA DE ARTE É SOBERANA. QUE PENA....... O BRASIL E O MUNDO ESTÃO MAIS POBRE COM A AUSÊNCIA DO ARTISTA INCOMPARÁVEL.