23/01/2017 11h44 - Atualizado em 23/01/2017 11h44

Fiscais protestam por abono salarial de lei anulada por prefeito de Ribeirão

Redação de 2016 mudaria nome do cargo e elevaria ganhos de agentes.
Nogueira decretou descumprimento por considerar lei inconstitucional.

Do G1 Ribeirão e Franca

Um grupo de agentes de fiscalização protestou em frente ao Palácio Rio Branco na manhã desta segunda-feira (23) depois que o prefeito de Ribeirão Preto (SP), Duarte Nogueira (PSDB), anunciou que descumprirá uma lei que prevê um abono salarial para a categoria.

Participaram da manifestação em torno de 80 funcionários públicos ligados a oito repartições municipais, dentre as quais Secretaria Fazenda, Fiscalização Geral, Secretaria de Administração e Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (Daerp).

O ato foi encerrado com uma reunião com o secretário de Governo, Nicanor Lopes.

"O desejo de trabalhar e prestar serviço é muito grande, mas quando se tira direitos é complicado. Precisa haver bom senso", afirma o presidente do Sindicato dos Servidores Municipais, Laerte Carlos Augusto.

O chefe do Executivo decretou o descumprimento sob a justificativa de que a lei, que também altera a nomenclatura dos servidores para agentes técnicos de fiscalização, afronta a Constituição Estadual. Ele disse que ajuizará uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).

Além disso, o Executivo, que enfrenta uma crise nas finanças públicas, prevê uma economia de R$ 500 mil por mês com a medida.

No início do mandato, Nogueira anunciou um pacote de 25 decretos para a contenção de despesas e a suspensão de todos os pagamentos por dois meses.

Fiscais fizeram manifestação em frente à Prefeitura de Ribeirão Preto para terem direito a abono salarial previsto em lei (Foto: Paulo Souza/EPTV)Fiscais fizeram manifestação em frente à Prefeitura de Ribeirão Preto para terem direito a abono salarial previsto em lei (Foto: Paulo Souza/EPTV)

Lei gera impasse
A lei complementar 2.765, de 4 de abril de 2016, determina a transformação de agentes de fiscalização em agentes técnicos de fiscalização e prevê aumento dos salários de 120 servidores definidos nesse cargo.

No entanto, Nogueira decretou o descumprimento da lei na última semana, suspendendo o pagamento dos benefícios previstos pela alteração na legislação.

A suspensão teve base em um parecer da Secretaria de Negócios Jurídicos, que apontou não haver lei que descreva as atribuições de agente técnico de fiscalização. Além de entender que a redação afronta a Constituição do Estado, a Prefeitura também cita uma súmula do Supremo Tribunal Federal (STF), que considera o ato inconstitucional.

Entendimento que é contrariado pelo presidente do Sindicato dos Servidores Municipais, que vê na lei complementar um direito conquistado regularmente e quer a anulação do decreto editado pelo município na última semana.

"Isso traz uma valorização aos profissionais e nós não podemos que o governo venha a suspender aquilo que é direito, aquilo que já existe, alegando irregularidades. Não existe nenhuma irregularidade, foi uma conquista dos trabalhadores", defende Carlos Augusto.

O novo prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira (PSDB) (Foto: Reprodução/EPTV)O prefeito Duarte Nogueira decretou descumprimento de lei que beneficiaria agentes de fiscalização (Foto: Reprodução/EPTV)
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